“E por um grande motivo, muitas vezes, ela costura um sorriso na boca quando a vontade é de chorar uma cachoeira inteira.
Por esse mesmo motivo os pés caminham nem sempre na direção que ela gostaria de seguir.
O motivo que a faz ter forças nos braços para ninar por uma hora seguida também é exatamente o mesmo.
As olheiras que habitam seu rosto aparecem por essa mesma razão, assim como as rugas ao redor dos olhos.
Algumas horas de tanto sorrir, e outras pelo cansaço das noites mal dormidas.
Por algo que é mais forte do que qualquer coisa, ela mesmo doente e precisando de cama, continua com os pés fincados no chão.
Por essa grande razão ela conta com emoção uma história que não acredita mais. Ela precisa fazer com que eles acreditem que quando alguém morre vira uma estrela e vê tudo lá do céu.
Talvez ela faça isso por ser a única forma de poder, por um instante que seja, acreditar.
Acreditar que esteja onde estiver vai poder sempre olhar por eles.
Pelo mesmo motivo que é maior, que não é desse mundo, ela consegue abrir os olhos vinda de um sono profundo as 3:00 da manhã. Ela tem forças para levantar. Finca os pés no chão, caminha para onde não gostaria de ir naquele momento, vê o seu bebê chorando, costura um sorriso na boca e ainda tem forças nos braços para niná-lo e acalmá-lo o tempo que for necessário.
Por esse motivo, por essa razão, por esse algo que é grande e mais forte do que qualquer coisa é que estamos sempre por eles e para eles.
Até voltamos a acreditar na história da estrelinha para acalmar o nosso coração de mãe.”