“Na prática, a teoria é outra.”

“Na prática, a teoria é outra.”

Hoje a Giovana Baldissera estréia como colaboradora aqui do blog. Ela é nutricionista e tem muita coisa bacana para contar para a gente. Esse texto está incrível e esclarecedor para grávidas e para aquelas que pensam em engravidar. Espero que gostem! Giovana, seja bem vinda!

“Muitas mães se identificarão com tal afirmação, principalmente no que diz respeito aos cuidados com a alimentação e a nutrição adequada de seus bebês. Sabe-se que Organização Mundial da Saúde, bem como o Ministério da Saúde/BR e a Sociedade Brasileira de Nutrição recomendam o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade e, a partir disso, a inserção de papas de frutas e papas salgadas. Todas as mães sabem disso, mas por que nem todas conseguem seguir as recomendações?

O período pós-parto é um momento desafiador para as mães, uma vez que tal período exige total atenção às demandas do bebê além de muita concentração em seus próprios comportamentos de saúde. Neste sentido, a organização e os comportamentos relacionados à alimentação e controle de seu próprio peso bem como do ganho de peso do bebê são fundamentais para uma evolução saudável. Portanto, as intervenções devem considerar tanto as percepções de nutrição quanto práticas de exercício físico. Para muitas mães, o retorno ao trabalho parece oferecer uma oportunidade para mudanças positivas a esse respeito, mas, só um pouquinho: e o leite do bebê? E a papinha? E quem vai cuidar dele? E minha academia? Não, não, o relatório para o chefe! Calma, o bebê chorou (e assim por diante).

Vamos começar pelo começo, que é muito tempo antes da gestação. Estudos e evidências chamam atenção para o fato de que, quanto maior o tempo de prática de um estilo de vida saudável e quanto melhores forem esses hábitos bastante tempo antes da gestação, igualmente melhores e mais rápidos serão os resultados da recuperação e mais fácil será a manutenção desses hábitos que se perpetuarão na vida dos filhos desde bebês. Estudos sugerem que, quanto maior o tempo de prática de exercício físico regular antes da gestação e quando continuada a prática orientada durante a gestação, mais rápida é a velocidade da recuperação física e retorno à composição corporal pré-gestacional da mãe após o parto. Isso vai muito além de uma vida saudável, isso tem muito a ver com autoestima da mãe, tão delicada e importante justamente nessa fase, pois reflete em emoções sentidas pelo bebê e por toda a família. Além disso, evidências apontam que, quando as mães alimentam-se adequadamente e praticam exercício físico regular, a qualidade das células tronco do cordão umbilical do bebê é superior à de bebês cujas mães eram sedentárias antes e durante a gestação. Mais um ponto para a saúde!

No que diz respeito à alimentação adequada durante a gestação, cada trimestre exigirá um cuidado diferente e especial, sobre os quais falaremos no próximo texto. Com relação à prática de exercício físico, quando autorizado pelo médico responsável e bem orientado por um profissional da educação física e do esporte, o exercício é capaz de diminuir a incidência de diabetes gestacional, que leva à redução do risco de macrossomia, menor ganho de peso materno, melhora do humor e da postura, melhora do tônus ​​e da resistência muscular, melhora do sono e uma melhor capacidade de lidar com trabalho. Tais benefícios perduram caso o exercício seja contínuo no período pós-parto, além um retorno mais rápido ao peso pré-gestacional.

Há algum benefício a longo prazo para os filhos de mães que se exercitaram durante a gravidez? As crianças de mães que praticam exercício apresentam menor ganho de peso excessivo e percentual de gordura corporal, ou seja, tendem a apresentar um peso saudável, além de possuírem um desenvolvimento cognitivo com melhores habilidades de linguagem oral e resultados de testes de QI mais elevados. Quando os hábitos são adotados por toda a família, os benefícios são ainda maiores.

E, voltando à questão da organização, os cuidados com a alimentação associados à prática de exercícios físicos são potencializados pela lactação, a qual contribui principalmente para a saúde de seu bebê (e, consequentemente, para a sua saúde e tranquilidade) mas também de maneira muito significativa na perda de peso pós-parto.

Portanto, dada a importância de uma alimentação adequada associada ao exercício físico e a gama de benefícios que essa combinação proporciona, é papel dos profissionais da saúde realizar orientação clara sobre as estratégias mais eficazes de comportamento e estilo de vida. É direito das mamães e nossa obrigação, logo, exija de seu médico, de sua nutricionista e de seu profissional de educação física e esporte informações e orientações em nome de sua saúde e de seu bebê.”

Nutricionista Giovana Baldissera – CRN3 46333

Mestre em Ciências da Reabilitação Cardiopulmonar e Metabólica (UFCSPA)

Referências:

Bertz F et al., 2012. Diet and exercise weight-loss trial in lactating overweight and obese women.

Currie et al., 2013. Reducing the Decline in Physical Activity during Pregnancy: A Systematic Review of Behaviour Change Interventions.

Price et al., 2012. Content Analysis of Motivational Counseling Calls Targeting Obesity-Related Behaviors Among Postpartum Women.

Woodman S., Reina-Fernandez J, 2014. Exercising in pregnancy: what advice should be given to patients?

Zanotti et al., 2015. Factors associated with postpartum weight retention in a Brazilian cohort.

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Thaís Vilarinho

Mãe de dois meninos lindos Matheus e Thomás, Fonoaudióloga Clínica. Pratico corrida e Muay Thai. Adoro escrever, viajar, escutar música, ver um bom filme, sair e estar com a família e os amigos. Sou curiosa, adoro conhecer e aprender coisas novas.

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