O Rio por uma Carioca

O Rio por uma Carioca

Quem melhor para escrever sobre a cidade maravilhosa do que uma Carioca da gema que tem textos lindos? Pois então, comemorarmos o aniversário de 450 anos do Rio de Janeiro com um texto de Ana Paula Maciel, autora do blog Mulheres Plurais.

Ana, Obrigada pelo texto, Rio parabéns pelos 450 anos!

Rio. Sol a pino. Calor senegalesco.

Dias lindos. Céu azul. Mar divino. Areia escaldante.

Foi se o tempo de Rio 40 graus. 40 graus já era. Agora, a sensação térmica é de 55 graus.

Hoje, que moro em SP e venho para cá a passeio, me sinto turista no meu Rio maravilha. Vejo tudo com olhos de encantamento. A cada vinda, redescubro a cidade e conto, com entusiasmo infantil, o que era em cada rua por onde caminho de mais dadas com os meus pequenos- as meninas já não tão pequenas assim.

Minhas filhas chegaram a nascer e morar um tempo no Rio. São cariocas. Mas como foram para SP com 2 anos uma e 8 meses a outra, não lembram de quase nada de quando moravam aqui.

Elas riem quando passo pelo canal da Visconde de Albuquerque, no Leblon, e aponto para onde ficava o GIMK, escola que estudei. E também quando passamos em frente ao Piraquê e digo que era ali que a gente morava quando elas nasceram. E a PUC. Sempre falo da PUC. E das Clarissas, meu cantinho do céu na terra, e na Igreja Nossa Senhora do Carmo, onde casei e todas as vezes que entramos, pergunto se elas também vão querer se casar lá… Será?

Elas estão cansadas de saber tudo isso e muito mais, mas um saudosismo maior ainda me faz continuar repetindo sempre. Como se a repetição mantivesse vivo um vínculo com a cidade. Uma sensação de pertencimento. De relembrar a própria história. E conforme vou lembrando, volto um pouquinho no tempo e me vejo, de novo, criança, adolescente, adulta. Revejo amigas, familiares, relembro cheiros, sabores, músicas e emoções.

A casa da minha bisavó Eulália, que sempre tinha suspiro quente, pão de queijo feito na hora e a melhor empadinha do mundo. O cafuné da vovó Helena, a toalha estendida na janela da casa da vovó Didi quando o almoço estava na mesa e era hora de voltar da praia. Não existia celular e a gente nem sentia falta. Ficava na praia de olho na janela enquanto mergulhava, pegava jacaré, catava tatuí (sim, em Ipanema tinha muito tatuí) ou se torrava em cima da canga sem medo dos efeitos dos raios ultravioletas. O nariz levemente descascado tinha um certo charme.

Me lembro, também, como se fosse ontem, da “jardineira” que levava da praia de Ipanema a Copacabana para assistir o vôlei de praia. Não existia UPP e a gente não sentia medo.

Também não existia Facebook, Instagram ou whattsapp e a gente também não sentia falta.

Quando queríamos falar com alguém, ligávamos. Quando queríamos encontrar, encontrávamos. Na praia, no shopping, em casa, onde fosse. Vivíamos num mundo real de amizades reais e sinceras.

Celebridade, papparazi e saber da vida alheia era coisa de revista de cabelereiro e a gente não fazia a mínima questão de estar por dentro desses assuntos.

Tantas lembranças boas do meu Rio maravilhoso de janeiro a dezembro. Maravilhoso o ano inteiro.

Adoro aquela frase bem clichê que diz: “Home is where heart is”. É bem isso mesmo.

Muito bom poder voltar sempre e me permitir sentir tudo isso de novo a cada vinda.

E com tanta coisa para contar do Rio, uma parte do meu coração sempre estará por aqui.

Ana Paula Grossi Soares Maciel

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Thaís Vilarinho

Mãe de dois meninos lindos Matheus e Thomás, Fonoaudióloga Clínica. Pratico corrida e Muay Thai. Adoro escrever, viajar, escutar música, ver um bom filme, sair e estar com a família e os amigos. Sou curiosa, adoro conhecer e aprender coisas novas.

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2 Comentários

  1. Ana Paula - 28 de fevereiro de 2015

    Uma honra estar aqui!!
    Beijo enorme

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